Ponto crítico da noite, de Sabrinna Alento Mourão - Editora Micélio

"Ponto crítico da noite" é o primeiro livro de poesia da escritora piauiense Sabrinna Alento Mourão. Dividido em duas partes ("ponto crítico da noite" e "nós jogamos, nós perdemos"), a obra trata dos impulsos e das afetividades de maneira vibrante, tendo como pano de fundo a urbe brasileira em seu novo ciclo político de retrocessos. Repleto de referências do presente, o livro de Sabrinna torna-se mais que um livro de seu tempo quando consegue reunir também retratos fiéis de sentimentos delicados

Acordo cedo visto um calção azul de bolinhas brancas e uma camisa listrada branca com azul e passo…

Acordo cedo visto um calção azul de bolinhas brancas e uma camisa listrada branca com azul e passo um café como todas as manhãs sozinhas numa kitnet quente do lado mais oeste do nordeste e aí eu penso em te dizer coisas bonitas e te digo coisas bonitas enquanto tu se esquiva do que digo mas tudo bem tu é só uma menina e eu sou mais velha e eu digo coisas bonitas de um jeito cansado fatigado automático com bafo de quem não escovou os dentes e já vai engolindo café manhã adentro porque quer sentir

A CEIA por Sabrinna Alento Mourão

O Grupo Livrarias Curitiba promoveu o VIII Concurso de Contos. Essa edição contou com centenas de inscrições de todo o Brasil. Foram selecionados seis contos vencedores, entre eles “A ceia”, de Sabrinna Alento Mourão, de Recife (PE). Daqui, da minha cozinha, onde lacrimejo cortando cebolas roxas para colocar nessa vasilha com tomates maduros picados, pimentões verde-agrotóxico, pimentinha de cheiro, vinagre de vinho branco, uma pitada de sal, uma pitada de açúcar e uma gotinha de azeite extra-v

Três poemas de Sabrinna Alento Mourão —

no ensino médio tive um professor muito bom e muito sério, e ele disse que no Piauí morava uma mulher ligeiramente boa e de seriedade questionável que andava dizendo por aí que há 50 mil anos já tinha gente na América do Sul. essa mulher ligeiramente boa e de seriedade questionável andava dizendo essas coisas só porque achou uma fogueira no meio do nada, do nada. ora, uma fogueira!, dizia o professor muito bom e muito sério, claro que é uma árvore que caiu porque foi atingida por u

Pontes - Sabrinna Alento Mourão

De fato!, eu responderia, rindo, enquanto ele (outrora tão robusto, barba crescida e cabelo rebelde, parecido com o Raul – o Seixas, que o Castro ele detestava, apesar de ser um Castro, só que vindo dos recônditos do agreste) contava uma história sem graça sobre os presidentes da década de noventa depois de me contar que perdeu a virgindade com uma mulher casada em troca de uma garrafa de toucinho. Eu, pernas cruzadas e os braços também, ar distante, dois anos passados na cidade grande, quase co

Castanho, por Sabrinna Alento

Chove. E com a palma molhada da mão tento proteger a faísca do isqueiro para acender um cigarro amassado. Mas chovechovechove e são quase onze da noite, passou a hora do rush e dos carros passarem sem parar, semáforo-piscando-atravessar-na-faixa-parar-do-outro-lado-da-rua-observar-no-outdoor-a-propaganda-de-lingerie-com-a-atriz-da-novela-das-nove-e-atravessar-de-novo-na-faixa-entrando-na-farmácia-para-comprar-uma-cerveja. Mas nem o cigarro acende e nem pode fumar em lugar fechado, tampouco na fa

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